"As Flores de Lótus" de José Rodrigues dos Santos




Vivi a trilogia “Flores de Lótus”.
Este não é um romance, não é documentário, um manuscrito histórico ou um ensaio político. Mas é ao mesmo tempo tudo isso.
A vida de cada personagem é contada de um modo tão real, que na minha mente elas de fato existiram num ponto da história, durante a primeira e segunda guerra mundial.
A vida de Lian-hua ou de Nadezhda não foi escrita com pozinhos de perlimpimpim, foi contada tal como aconteceu, na realidade vivida na China ou na União Soviética.
E é assim que José Rodrigues dos Santos nos conquista com este romance. Seguimos a história de quatro personagens em contextos históricos reais onde a realidade não é suavizada. A História é contada tal como ela é.
O que conhece sobre Salazar? Um Ditador que afundou Portugal para uma pobreza extrema? Não digo que não, mas o que seria de Portugal sem este homem? Graças a Artur Teixeira, vai conhecer bem mais que o Salazar contado nas escolas, vai conhecer o professor de Coimbra, o tímido ministro das finanças que salvou Portugal da bancarrota da década de 20 e a ascensão de um homem de origens humildes ao poder.
E o que dizer da personagem japonesa Fukui? Bem, Fukui fez-me apaixonar pelo Japão. É impossível não compararmos a nossa cultura ocidental tão egocêntrica, com uma cultura baseada no dever, primeiro para com o imperador, depois para com os pais, de seguida a sociedade e só depois nós próprios. Aliás em certa altura Fukui diz: “um gaijin (estrangeiro) diz com orgulho que não deve nada a ninguém, uma coisa impensável para um japonês pois achamos que devemos tudo a todos”.

Não é interessante?

Mas se forem como eu, Lian-hua e Nadezhda vão deixar uma marca no vosso coração. O autor não "doirou a pílula", as injustiças e atrocidades que o comunismo fez estão bem explícitas em cada fase da vida de Nadezhda, e nem a doce Lian-hua, na China, escapa das garras animalescas da ganância e da perversidade humana.
Já passaram alguns meses desde que conheci estas duas mulheres, e ainda não me saíram da cabeça. O final é controverso, eu pessoalmente, fiquei com um misto de sentimentos de amor-ódio. Mas o poema abaixo é a chave para se perceber o percurso destas duas mulheres, que no fundo retratam a vida de milhões de mulheres que viveram nessa época, em países que o direito à dignidade lhes era retirado sem dó nem piedade.

Bem bonito não acham? E com uma mensagem profunda

Aconselho vivamente a lerem a trilogia das " Flores de Lótus" ou se já leram partilhem a vossa opinião.

O melhor: Aprender sobre novas culturas, sobre o nosso Portugal e a verdade do comunismo através de 4 personagens apaixonantes.

O menos bom: Talvez nalgumas parte a leitura tenha ficado um pouco enfadonha ao ser explicado um ou outro termo político.


 Mais um pequeno excerto, agora da família de Nadezhda, para aguçar o apetite  

 As Flores de Lótus

O Pavilhão Púrpura

O Reino do Meio

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