Chiang Mai, Chiang Mai… roubaste um pedaço do meu
coração, com intenção de nunca mais me devolver.
Foi aqui que a Tailândia me conquistou. Brinquei como não
brincava há anos, tal e qual uma criança, e chorei tal e qual uma criança com
beicinho quando algo amado lhe é tirado. E ainda hoje, as lembranças são um
misto de sentimentos, alegria e saudade, um sorriso e uma lágrima no canto do
olho.
Mas o que tem de especial Chiang Mai? Vou resumir em cores:
o branco mais esplêndido que alguma vez vi, o cinzento mais ternurento que já
senti e o conjunto de cores mais divertido de sempre.
Hoje vou falar do Branco. Wat Rong Khun. Ou mais fácil: o
Templo Branco.
Foi o monumento mais maravilhoso que já visitei, não só pelo aspeto
visual, mas pela história por trás desta construção e por saber que cada pequeno
detalhe tem um significado ou uma lição de vida.
O nome por trás desta maravilha é Ajarn Chalermchai, e ao
contrário do que acontece com a maioria das obras de arte que visitamos, nesta,
o seu criador está vivo e até é relativamente novo.
Ajarn Chalermchai
A sua construção continua a
todo o vapor, mas devido à dimensão desta, Ajarn morrerá antes dela ser
terminada. Mas todo o seu projecto já está totalmente delineado, bem como a
equipa que deve prosseguir o seu trabalho.
Ajarn Chalermchai é agora um homem rico, mas veio de uma
família pobre de Chiang Mai. Depois de estudar arte em Bangkok e fazer fortuna
com os seus quadros, decidiu voltar para a sua terra natal, pronto para
deixar a sua “pegada” na história da humanidade.
Em vez de pensar em deixar a sua fortuna à sua família, que
poderia simplesmente “gastar mal o dinheiro”. Ele quis investir o seu dinheiro
em algo que pudesse beneficiar não só meia dúzia de pessoas, mas um país
inteiro. Assim, começou a construção deste Templo, da sua inteira responsabilidade,
sem apoios de Estado ou organizações. E ele explica o porquê disso:
“ Eu quero ser o único artista no mundo com o poder de criar com a máxima
liberdade. Não quero trabalhar debaixo da influência de ninguém. Ninguém no
mundo pode exigir que faça de determinada maneira ou proibir algo, porque eu
não aceito qualquer doação monetária, seja de que fonte for, organização
não-governamental, política ou milionários.”
Não acham isso extraordinário? Aliás, ainda não tinha dito
isto, mas a visita de todo este complexo lindíssimo é completamente gratuita, e
assim será mesmo depois da sua morte. Esta regra é para ele irreversível.
Como já mencionei, cada detalhe deste templo tem um significado
ou lição de vida. Um dos que me surpreendeu mais foi uma construção toda dourada
e minuciosamente esculpida. Podem ver na foto a baixo do que estou a falar.
Conseguem adivinhar do que se trata?
Esta é a casa de banho mais bonita do mundo, completamente
gratuita e livre de se “usar” e admirar. É verdade. Uma casa de banho. Qual a mensagem
que Ajarn quis transmitir? Simples. Nem tudo o que parece é. Podemos ser “bonitos”
por fora, mas por dentro, que é o mais importante, não valermos nada. Não me
lembro de uma maneira melhor e mais cara de transmitir esta lição de vida, não concordam?
Vou deixar-vos então com algumas fotografias, espero que gostem.
Ajarn optou pelo branco que significa pureza, em contraste com a maioria dos outros templos dourados que vemos na Tailândia
Arrepiante não é? Estas mãos representam o Inferno e o objectivo do criador é fazer as pessoas pensarem no rumo que estão a levar as suas vidas
Os espelhos representam sabedoria na crença Budista
Conseguem descobrir o Panda Kung Fu e o Neo do Matrix?
Aqui conseguem ver o Homem-Aranha, um Minion, o Doraemon e as Torres Gémeas. Ajarn explica desta forma: " Pintei vários super-heróis para explicar às pessoas que estes não existem na vida real. Actualmente, as pessoas precisam de heróis à medida que a moralidade decresce a cada dia. No entanto, nenhum herói dos filmes ajudou aquando o desastre das Torres Gémeas."
As imagens atrás fazem parte deste quadro grande, não se consegue ver aqui, mas nos olhos encontra-se George W. Bush e Bin Laden. Bem polémico o senhor Ajarn =)
Espero que este pequeno texto vos tenha permitido viajar até
este Templo Branco e sentido um pouco a “magia” deste lugar.
As emoções por esta altura estavam ao rubro, mas o dia seguinte, conseguiu
mesmo assim superar todas as nossas expectativas. E a próxima, é uma história
cinzenta, mas o cinzento mais lindo e ternurento que podemos viver.
P.S.: Fizemos este passeio maravilhoso por intermédio de uma agência de excursões: a Travel Hub. Compramos um pacote de 3 dias com várias actividades, os guias eram super atenciosos, com um inglês bem acima da média e o melhor, a um preço bem acessível. Se estiverem a pensar ir à Tailândia podem contratar os seus serviços à confiança.
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