Se na noite desta viagem, não sabíamos se havíamos de rir ou
chorar, felizmente que agora a vontade é rir.
Fazendo apenas uma pequena retrospetiva desta viagem à
Tailândia, sem dúvida, que fazer esta viagem de modo independente foi o melhor
que podíamos ter feito. Houve situações insólitas, cansaço e a desejarmos
ansiosamente a chegada ao hotel, é verdade. Mas agora, ao lembrar esses
momentos, amo cada uma dessas aventuras e desaventuras.
Bem, e depois deste momento “lágrima ao canto do olho de
saudades”, vamos ao que interessa.
Primeiro de tudo! Para referência futura, se decidirem fazer
a viagem de 12h de Ayutthaya a Chiang Mai, escolham o comboio das 19h, é “ligeiramente”
bastante melhor do que aquele que apanhamos das 21h. Só para verem, quando
estávamos na estação, e passou o das 19h, ficamos um pouco arrependidos por termos
escolhido viajar em 1º classe. Pois não iríamos ter nem um pouco a experiência
tailandesa de viajar num comboio. Mas mal chegou o nosso comboio, vimos que não
sairíamos desiludidos...
O Ricardo ainda com esperanças: "Calmaaa"😂
Os quartos, bem, não sei se podemos chamar de quarto, a um
pequeno cubículo, com beliche, onde apenas com uma mala no chão já não tínhamos
onde pôr os pés. De todas as maneiras o meu quarto e do meu marido, estava
separado por uma porta de correr, do quarto da minha irmã e cunhado, porta essa
que mantivemos aberta para ganhar alguns centímetros de espaço.
O nosso quarto luxuoso de primeira classe
Podia falar da limpeza ou de como arrisquei levar com o
Samuel em cima, dada a frágil estrutura do beliche (podia ter dormido na parte
de cima, mas tinha medo que o comboio fizesse uma travagem brusca e caísse por
ali abaixo), mas vou falar do nosso maior choque: A casa de Banho! AHHHHH Que
vontade de gritar! Uma casa de banho para um vagão inteiro!
Mas já vou contar a situação da casa de banho em maior
pormenor.
O senhor tailandês, que cuidava do nosso vagão, como o seu
esforçado inglês explicou que ás 6 da manhã iria nos acordar. Cedo de mais, mas
se nos oferecem serviço de despertador, só temos de sorrir e agradecer o
aparente gesto simpático do senhor. Aliás, sorrir e sorrir é o que mais se faz
nos diálogos com os tailandeses.
Deitamos-nos, esperando conseguir descansar pelo menos umas
horas. Mas sem sucesso, para mim claro, porque o meu marido dorme em qualquer
lado. Era o comboio que parecia andar a 300/hora, o meu medo infundado (ou não)
que batêssemos de frente com outro comboio ou que descarrilasse e o nervosismo
de alguém entrar pela porta a dentro. Tudo isso, e cada vez que estava quase a
adormecer sentia vontade de ir à casa de banho.
Ui… e aqui é que as coisas se complicavam a sério. O ideal era ir alguém
comigo, por razões de segurança (tinha medo que alguém me raptasse) e de
integridade física (já explico), mas não podia obrigar ninguém a sair da cama
para me acompanharem. Mesmo assim avisava antes de sair, que ia à casa de
banho, e fossem atrás de mim se não chegasse em 5 minutos.
Imaginem agora a cena: suster a respiração, segurar a porta
pesadíssima para não morrer intoxicada, ao mesmo tempo que estava atenta não
fosse alguém passar, um esforço descomunal para não tocar em nada, tudo isso,
em posição de agachamento, enquanto me equilibrava com cada solavanco que o
comboio dava!
O nosso maior pesadelo: A casa de Banho
Agora multipliquem tudo isto por 5. Que foi o número de
vezes que fui à casa de banho nessa noite!
Claro está que clichés dos clichés, quando finalmente
adormeci, o nosso querido “mordomo” do vagão, começa a bater vigorosamente na
nossa porte e a gritar: “Up! Up! Up!”
- “Ok Ok Ok We are awake!” – já acordamos, gritamos.
Mas o senhor continuava a insistir, até que, de repente sem
pré-aviso, entra pelo cubículo adentro (afinal aquele medo que falei a pouco
não era assim tão infundado). E os próximos segundos, foi uma mistura de
estupefacção e terror.
Ainda não nos tínhamos reposto do susto de um homem entrar
por ali adentro, quando sem explicação, nos começa a expulsar da cama! Saltamos
dali para fora, mas a invasão continua, começa a retirar a manta, os lençóis,
as fronhas, enquanto nós tentávamos a todo o custo retirar as nossas coisas
para não ir junto da roupa da cama.
Isto só me faz lembrar, quando era miúda, no dia de limpar a
casa, a minha mãe pegava na vassoura e arrastava tudo o que havia no chão, e
avisava que quando chegasse às escadas tudo o que ainda estivesse no chão iria
para o lixo, haviam de ver os nossos gritos, meus e da minha irmã, a pedir para
a minha mãe ir mais devagar enquanto tirávamos, roupas, brinquedos e livros do
chão.
Assim estávamos nós… quase 20 anos depois a reviver a mesma
adrenalina, só que a minha mãe agora era um tailandês, afinal nada simpático, e
desta vez as coisas iriam mesmo desaparecer se não fossemos rápidos a retirar
telemóveis, tablets e roupa de cima das camas.
Acreditem se quiserem, o senhor não demorou mais de 4 minutos
a retirar a roupa de 4 camas e transformar as 4 camas em 2 sofás. Não havia
mesmo qualquer possibilidade de voltarmos a dormir nas próximas 2 horas
seguintes até chegarmos a Chiang Mai.
Mas se acham que os nossos problemas com transportes tinham
terminado, esperem até saberem da nossa viagem de carro para o hotel. No
próximo Mundo da Kristelle.
Artigo Anterior:
Dia 3 - Ayutthaya, segunda parte
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